ísca

Descendo uma montanha-russa inconsciente, entre portas e janelas.

Caía, lentamente, meio flutuante.

Como uma pena, por vezes em extremos.

Chegava ao chão, por fim.

Me reconhecia por inteiro e seguia o cheiro.

Em uma cozinha iluminada em amarelo, pratos postos sobre a toalha vermelha.

A sopa, ainda quente, dançava convidativamente em sinais de fumaça.

Desejava a dançante em meu ventre.

Me sentava e colherava-a.

Sentia algo que não era o gosto, mas entendia ser gostoso.

No silêncio, puxava mais sopa entre os lábios.

Nada, mas sentia algo.

Passava a língua nos dentes, uma peça solta ao céu da boca.

Cuspia uma pérola.

A tal sopa era de moluscos.

Engraçado.

Me levantava.

Trazia minha surpresa comigo.

Olhava para meus pés. Meiados.

Entendia: sopa só se come com meias.

Olhava enquanto respirava à frente das meias.

Via o suor em formato de pata.

Mínimos dedinhos.

Olhava em silêncio.

Observava a cozinha, nada à volta.

Um som, repetidamente, lá fora.

Exponencialmente alarmando o consciente.

Ciente, abria os olhos.

E no escuro me via em outros.

Amarelos, felinos.

subliminais bi neurais

Em expansões pulmonares repetitivas.

Entrando, saindo.

O ar que me visita me sussurrou de dentro pra fora.

O olho de fora voltado pra dentro.

seguia pequenos passos na terra, cruzava encruzilhadas em ladeira.

Folhas crespas aos meus pés. Em ritmo,a cada passo, cantando o meu encontro. Sentia em pulso, impulso.

As pontas dos meus dedos, levemente tocando o áspero, abaulado, ao meu lado. Abraçadas, dançávamos estacionadas.

Tocava minha testa em seu tronco.

Respirava meus sussurros em sua casca.

Sentia pulsos, como subliminais bineurais.

Em zero, agora 1.

orvalho

Olhava as gotículas.

Pequenas aguas, uma em cada folha.

Sentia cade uma delas a minha volta.

Penumbra molhada. Uma cama.

Gotículas de ontem no agora. Me levitavam em uníssono.

Em sono, um olho meio aberto, o outro ainda no escuro.

Devaneava sobre como as veias se entremeiam em mim, em mãos, nas minhas.

Assim como as trepadeiras se fazem nas arvores.

Espreguiçava ainda envolta por gotas. O ar ainda fresco, o Sol ainda dormido.

Observava cada ser, os pequenos mais ainda.

Sera uma gota, o equivalente de uma grande lente. Uma bola de cristal. Rarefeita.

E meus olhos que também faz gotas.

Lentes da minha mente.

Cada gota um pensamento materializado no meu rosto.

Rolando, lentamente caminhando descendente.

Entre minha gotas em lente via um caracol.

Um espiral vivendo em si mesmo.

Esse em lentidão, coçava os olhos. Antenas pretúberas acima de si mesmo.

Curioso. Bebia da gota enquanto sentado na folha.

Seu primeiro gole entre a luz, cinza, acima de nós.

Olhava-o e tocava delicadamente.

Reagia recolhendo-se. Se fazia pequeno. Tímido em pequenes.

Fazia o mesmo, retrai, e apenas observei.

Espelhávamos-nos entre orvalho.

Tamanhos diferentes, em lentidões semelhantes.

Neste tempo, eu em folhas, ele em uma.

Entre gotículas, perspectivas se espelhavam, entremeavam.

Nas costas, carrega uma casa que lembra um olho.

Uma escada descendo pra dentro de si.

Chego bem perto, toco meus olhos nos seus,

Penso que possa ver com suas antenas a escada que desce também em mim.

Puddles

 

Relaxed, within herself, staring at the sun.

Irradiated, her skin burned, words from within.

Bronze. Bathed. Glazed.

Shut eyes, closed windows.

Salty tears rolling down the face.

A breath in space.

Kisses of sweat on the skin.

Now golden. Reflects. Infatuated.

Radiate. Heat waves crashing inside. Laced fingers, intertwined.

Protagonist, lying down in delight.

Sawed-off eyes like carpets.

Bodies first met in the droplets of inside.

Salt puddles. Between beige and the blue sky.

suores

Irradiada deitava-se .

Relaxada em si, olhava o sol. enquanto queimava, sua pele, as palavras de dentro.

De oculos escuros, pensando em saturno.

Janelas fechadas, protegida sensibilidade.

Pele banhada, sol envidraçado.

Piscando, pescando lágrimas. Peixes esses, também salgados.camuflados em retalhos.

do dentro pra fora. um beijo dos olhos.

Agora dourada,reflete o sol. Dançam, irradiam-se.

ondas de calor, se quebram em si. nosso suor se lançando enfim. dedos que se laçam entrelados por mim.

protagosnista em deleite.

olhos serrados,tapetes.

Nossos corpos que se tocando em aguas entranhas.

poços de sal.