Olhava as gotículas.
Pequenas aguas, uma em cada folha.
Sentia cade uma delas a minha volta.
Penumbra molhada. Uma cama.
Gotículas de ontem no agora. Me levitavam em uníssono.
Em sono, um olho meio aberto, o outro ainda no escuro.
Devaneava sobre como as veias se entremeiam em mim, em mãos, nas minhas.
Assim como as trepadeiras se fazem nas arvores.
Espreguiçava ainda envolta por gotas. O ar ainda fresco, o Sol ainda dormido.
Observava cada ser, os pequenos mais ainda.
Sera uma gota, o equivalente de uma grande lente. Uma bola de cristal. Rarefeita.
E meus olhos que também faz gotas.
Lentes da minha mente.
Cada gota um pensamento materializado no meu rosto.
Rolando, lentamente caminhando descendente.
Entre minha gotas em lente via um caracol.
Um espiral vivendo em si mesmo.
Esse em lentidão, coçava os olhos. Antenas pretúberas acima de si mesmo.
Curioso. Bebia da gota enquanto sentado na folha.
Seu primeiro gole entre a luz, cinza, acima de nós.
Olhava-o e tocava delicadamente.
Reagia recolhendo-se. Se fazia pequeno. Tímido em pequenes.
Fazia o mesmo, retrai, e apenas observei.
Espelhávamos-nos entre orvalho.
Tamanhos diferentes, em lentidões semelhantes.
Neste tempo, eu em folhas, ele em uma.
Entre gotículas, perspectivas se espelhavam, entremeavam.
Nas costas, carrega uma casa que lembra um olho.
Uma escada descendo pra dentro de si.
Chego bem perto, toco meus olhos nos seus,
Penso que possa ver com suas antenas a escada que desce também em mim.